Paula Brandão

Paula Brandão

Paula Brandão, mãe de duas meninas e baseada em São Paulo, graduou-se em Comunicação pela FAAP em 2003. Iniciou sua trajetória profissional no cinema, atuando como assistente de direção e diretora. Desde 2009, participa de exposições e já apresentou seu trabalho em exposições e feiras de arte.

Em 2021, publicou seu primeiro livro, Efêmera, pelo selo Rios-Greco, em parceria com a Editora Origem. Em 2023, participou da exposição coletiva Eye Mama Project na Royal Photographic Society, em Bristol, e teve sua fotografia selecionada para a capa do livro Eye Mama: Poetic Truths of Home and Motherhood, uma publicação coletiva da editora Teneues (Alemanha/EUA).

No mesmo ano, lançou de forma independente o zine Quebra-Mar, com a exposição individual homônima na Imágicas Galeria. Em 2024, também de maneira independente, publicou seu mais recente livro, Sea of Love.

Paula Brandão

Efêmera / 2021

Nos anos 1970, Dana Raphael teorizou sobre o período de transição do corpo e psique da mulher ao tornar-se mãe. Para ela, a matrescência é o estado, às vezes muito demorado, em que a mulher cria uma nova identidade para reconhecer-se como mãe. Sua hipótese nega, de certa forma, o ditado “quando nasce um bebê, nasce também uma mãe”. E o que caracteriza a matrescência e a torna uma experiência difícil de ser traduzida é sua ambivalência: do amor incondicional, somos facilmente levadas ao arrependimento; da solidão ao forte pertencimento ao universo; da tristeza à euforia; do encantamento ao esgotamento; da culpa à superação.

Nesta série, reflito sobre os primeiros sete anos do meu maternar, a matrescência e a experiência de trazer ao mundo uma nova vida e aceitar suas transformações. Somos muitos e únicos em nossa condição humana, como as estrelas no céu, e cada um de nós veio a esse mundo do ventre de uma mulher.
As imagens produzidas ao longo deste primeiro setênio, bem como as fotografias do meu arquivo familiar, são reveladas em camadas para representar um leque complexo de emoções e sensações sobre o amor maternal. 

Na série apresento as personagens que constelam meu universo feminino: duas filhas, mãe e avó. Um fio temporal, mas antes de tudo afetivo, uma linhagem. 
Trago-as para dentro da narrativa como num ato de ritualização, com o objetivo de reconfigurar as relações do passado, perdoar as mágoas ou desfazer-me da culpa da recém-mãe afogada na busca incessante pela perfeição tão idealizada quanto irreal. 
Essas gerações se olham num gesto generoso de compreensão do esforço que é ser mãe e do desejo parental de dar sempre o seu máximo.